Venha, que o que vem é perfeição.

Postzinho que estava guardado aqui. Resolvi publicar hoje, com a volta.
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São duas e dez da manhã de domingo, 28 de março de 2010. Eu fui dormir, teoricamente, há mais ou menos uma hora. Tenho o hábito de ligar a tevê um pouco antes de dormir e desligá-la quando o sono está prestes a me vencer e o fiz. Bem, aqui estou, escrevendo, sem sono e feliz.
Feliz? Sim. Ver Marcelo Bonfá e Dado Villa Lobos tocando com aquele microfone com uma rosa branca colocada e com vários vocalistas se alternando em homenagens ao Renato Russo me fez chorar, cantar, rir e lembrar do show em 94, o último no Rio de Janeiro. Suei a roupa inteira, cantei até perder a voz, chorei, berrei, ri.
Lembro do Dinho Ouro Preto, numa entrevista à 89 FM que ouvi quando morava em São Paulo, contando a história da letra de "Música Urbana", que foi terminada pelo Renato em um leito de hospital, assim, do nada, quando o Dinho foi pedir a ele uma solução. Lembro de quando o Legião cantou "Andrea Doria" no show e eu pirei. Lembro da primeira vez em que ouvi "Metal Contra as Nuvens" e achei uma doidera só, mas que a letra mexeu comigo como mexe até hoje. Lembrei de quando lançaram a caixa dos CDs e que ninguém conseguia achar e um amigo, que trabalhava na gravadora, conseguiu pra mim - comprando, mas fiquei feliz pra caralho. Lembro de uma festinha com os amigos quando eu tinha 14 anos e o Quatro Estações tinha acabado de ser lançado, e uma amiga lia a letra de "Pais e Filhos" e declamava a um outro. Lembro de cada vez em que ouvi "Perfeição" dirigindo, porque eu sempre colocava pra tocar quando estava emputecida e esquecia que, no fim, a mensagem mais linda era dita e eu me acalmava. Lembro do meu aniversário de 29 anos e que nunca, NUNCA, uma música caiu tão bem a mim quanto naquele dia "29" foi uma luva (tem aqui no blog, ó). Lembro o quanto eu sempre pirei ouvindo a bateria do Bonfá e os riffs do Dado, tanto quanto ouvindo o Renato cantar um pedaço de outra música - seja Ruby Tuesday ou qualquer outra - ao final das músicas do Legião.
Legião me faz lembrar com sorrisos no rosto e lágrimas nos olhos. Poucos são assim, pra mim. E poucas palavras me dizem tanto quanto estas:

"Venha,
Meu coração está com pressa
Quando a esperança está dispersa
Só a verdade me liberta
Chega de maldade e ilusão
Venha!
O amor tem sempre a porta aberta
E vem chegando a primavera
Nosso futuro recomeça
Venha,
Que o que vem é Perfeição"

Para ficar

Confesso: tive que colocar The Verve nos ouvidos pra poder me inspirar a escrever alguma coisa menos menininha, menos sentimentalóide ou menos idiota, pra usar palavras mais coloquiais. Richard Dash tem a capacidade de me fazer fechar os olhos e viajar por lugares de céu azul quando canta que "I let the melody shine, let it cleanse my mind, I feel free now... But the airways are clean and there's nobody singing to me now" em Bittersweet Symphony, fazer o quê. Os céus azuis como gosto, com grama verde a cem metros de uma praia de areia branca e um mar gelado que dá cãibra, como eu gosto. Alguns acham que The Verve é sentimentalóide; eu acho libertador. É, eu sempre fui meio estranha mesmo.

A verdade é que eu estou de volta. Não, não fui, ao menos fisicamente, a lugar algum que não seja meu quarto ou a poucos eventos esparsos. Estive aqui, mas estive fora por quase um ano - mais até, quem sabe - e consegui voltar. Com a ajuda de Valeriana, uns quinze quilos de bagagem adiposa a mais, muitas lágrimas e algumas noites insones, eu encontrei o caminho de volta. Sim, continuo andando com minhas pernas e ouvindo Aerials no máximo volume no carro, de cabelos curtos e muito fashionable, falando mais alto e usando mais palavrões do que deveria, mas com uma lição daquelas que nos é dada com palmatória, vara de marmelo e ajoelhando no milho diariamente. Dessas, a gente nunca esquece. E não me venham com "foi um amor" porque de amor nada tem nessa estória. Ou história, já que marcou uma era e não será esquecida. Foi vida, trabalho, crescimento pessoal, tudo junto, mas nada a ver com sentimentos - ao menos não com os bons.

Voltei mais velha (e com tanta experiência que é capaz de criar rugas em homenagem ao quanto amadureci, mas estas eu dispenso, beijos!) e mais forte, o que é fundamental - bem, Vinícius dizia que a beleza o é, mas com isso nem me preocupo, a minha vai bem, obrigada. Voltei mais verborrágica, mais musical, menos paciente, mais inteligente, nostálgica e saudosa, doa a quem doer. Se bem que tudo isso doeria a alguns que não vão ler...

Voltei, porra.

Acabou. Boa sorte!

Em pleno 2020, em plena pandemia, em um momento onde a maioria está passando por uma mudança radical em suas vidas, resolvi voltar aqui e s...