Claro que também há as memórias "nhé": estão lá, existem, mas não me dizem muita coisa. E estas memórias talvez me incomodem mais do que as ótimas ou mesmo as ruins, porque nada nessa vida que sejá "nhé" me agrada - perda de tempo me irrita e me deixa revoltada, acho que não é segredo pra ninguém - e, infelizmente, algumas memórias desta categoria fazem parte da minha vida. Recente e um pouco menos recente, eu diria.
Eu não estou falando da faculdade nem da vida profissional em geral (até porque esta nunca foi "nhé", tudo dela se aproveita como lição ou prêmio). Tô falando do resto todo: emocional, pessoal, familiar, até mesmo sexual. Tudo bem que eu sou destas que acha que tudo na vida, por pior ou mais sem graça que seja, tem seu valor enquanto lição ou mesmo pelos coadjuvantes (fatores ou pessoas) que traga pra vida da gente - cá entre nós, eu carrego um certo otimismo e uma certa aura zen no coração, que ninguém nos ouça - mas pra tudo há um limite, minha gente. Pra tudo nesta vida há limites, mesmo para as lições e os coadjuvantes.
Exemplos: meu "juntamento" de cinco anos está nas memórias ótimas, o Doido Canibal que conheci sábado está nas memórias péssimas e meu último relacionamento está nas memórias "nhé". Nhé, gente, nhé. Sinto que perdi dois anos da minha vida (fazer o quê, caralhos, já foi!) e pouco tenho do que lembrar com certo saudosismo: os amigos que ganhei. E só. Mas o que mais me irrita são as memórias que poderiam ser péssimas ou mesmo ótimas, mas viraram "nhé" (e, infelizmente, tenho um ou dois exemplos mais recentes destas): são como se o Stephen Hawkins resolvesse fazer palavras cruzadas ao invés de estudar (e ser gênio da) Física, um desperdício total de tempo e sorrisos. E os meus sorrisos são lindos demais pra serem desperdiçados.
Memórias "nhé", trazidas por uma caixa de e-mails que deveria ser limpa conforme a data e a convivência com a pessoa que me enviou a mensagem, foi sobre isso que eu escrevi. Tá vendo, as melecas das memórias sem o menor valor tomando o meu, o seu, o nosso tempo. Assim sendo, a fim de me vingar destas memórias (e das pessoas e fatos que fazem parte delas), aqui vai: vão se fuder, sem vaselina, com areia e bem longe de mim.
Porque exorcizar (e xingar com vontade) é o que há.
Há um marcador que eu poderia colocar aqui - na verdade, uns dois cairiam bem.