Jogos mortais - ou como a gente se cansa à toa.

Eu demorei a voltar aqui, não? Pois é, eu estava por aí, jogando. Não, não fui pra Vegas, não fiquei milionária no Blackjack e nem encontrei um Hugh Jackman que tenha ficado e me amado numa noite de bebedeira, não - só estive no meu dia-a-dia, nos mesmos lugares onde aprendi (espero, espero!) que a vida da gente não passa de uma série de joguetes cansativos. Mas bem que um Hugh milionário não teria sido nada, nada mau, mesmo por uma noite (e eu nem reclamaria deste tipo de cansaço)...

Acontece que tudo na vida é jogo: você joga com o seu chefe porque sabe que ele se arrepende quando perde a razão contigo. Porque você até ri depois, mas faz cara feia só pra ele saber que não é assim que deve ser e pra ver ele sofrer um pouquinho. Você joga com a sua mãe quando quer que ela faça certa comida: diz que você está com tanta vontade que vai fazer amanhã, porque você sabe que ela não vai deixar e a comida que você queria vai estar pronta no seu jantar de amanhã, como você queria. Você joga com o seu amor: queria tanto gritar aos quatro ventos o quanto está apaixonada e entregue, mas faz a linha 'toma lá, dá cá': faça comigo que te mando passear na mesma hora e nem choro. Mentira, mas você precisa jogar assim pra ter o seu trunfo na mão.

Nada disso é novidade pra qualquer pessoa adulta, claro. Querem saber qual é a novidade? Eu conto: a gente perde um tempo precioso e um punhado bem grande de paciência é gasto nessa série de joguinhos infames e desinteressantes, o que resulta numa apatia mórbida pela vida em geral. Too complicated? Não acho, acho que qualquer um vai entender exatamente o que eu quis dizer aqui: a gente gasta bens preciosos demais com jogos que não trazem troféu algum. Porque ninguém vai me convencer que a cara de bunda do chefe, a comida gostosa da mamãe ou a insegurança do amor é um troféu digno de tanto suor e de tantas lágrimas choradas no escuro do quarto, no quente da cama. Muito melhor seria pedir colo pra mãe e a comida que você queria; melhor seria dizer ao chefe que não foi legal quando ele perdeu a razão, mesmo pra ele; infinitamente melhor é dizer o quanto se está apaixonado/a, mas que não pretende sofrer por isso se não for absolutamente necessário - como em caso de morte, por exemplo. Mas nem sempre o que é melhor é mais cômodo, é mais confortável: perder o orgulho e passar por cima da armadura nunca os é.

E assim vamos nós por aí: jogando, cansando, amargando, emburrescendo e jogando coisa fora. Fazer o quê, encarnação que vem a gente tenta de novo. Nesta, eu vou tentando mudar, mas acho difícil conseguir, viu. Anyway, tentar ainda é muito divertido.
Isso anda um blog mulherzinha demais.


Ok, já pararam com os alucinógenos e eu voltei. Calma que eu apareço (a)normal por aqui também.

Acabou. Boa sorte!

Em pleno 2020, em plena pandemia, em um momento onde a maioria está passando por uma mudança radical em suas vidas, resolvi voltar aqui e s...