Delete

A palavra nem é original da língua, mas graças aos computadores virou corriqueira no vocabulário de todos nós. Não tá legal? Deleta. Não gostou da roupa? Deleta do armário! Aquela frase que te disseram não soou bem? Deleta da memória que fica tudo em paz de novo. Não é assim que funciona hoje em dia? Eu vejo cada vez mais disso por aí, em todos os lugares, ambientes e níveis sociais. E realmente deletar é o novo preto, porque isenta a gente de consequências, não? Deletando, não tem depois, não tem pergunta, não tem pensar. Se você der um Shift+Del, então, nem vestígio sobra, não é mesmo? Nem vai pra lixeira nenhuma, nem num canto escuro fica.

De-le-tar. Antigamente diríamos excluir e, desta forma, seria pesado demais pensar em excluir um pensamento, um momento ou uma pessoa. Mas deletar é mais fácil, é cool, é in, alguns dizem ser até necessário, vejam só. Deletar resolve o problema na hora. Eu sou a favor do delete amplo e irrestrito, de mandar tudo e todos que não me servem pra longe, pra lixeira, pra fora da minha tela da vida. Só que eu vim sem esse botão no meu teclado. Mais um defeito meu, fazer o quê...

Se bem que eu não considero um defeito - talvez eu seja só um produto de uma era nada hi-tech. Talvez eu seja uma máquina de escrever e não um computador. Talvez eu seja um papiro, ou mesmo um conjunto de pedra colorida/parede de caverna! Eu não sei simplesmente deletar automaticamente, como quem aperta um botão. Eu até excluo - e aí, sim, com a força dessa palavra mesmo, a original - mas antes eu defino o porquê da exclusão, não saio por aí simplesmente varrendo as coisas do nada. Tudo pra mim tem significado, bom ou ruim, e os significados ruins tem, às vezes, mais valor que os bons, porque eles ensinam a não repetirmos os erros - por que diabos, então, eu vou simplesmente esquecer e deixar de lado uma lição? Chamem de mania de professora, chamem de saudosismo, desculpa esfarrapada, do que quiserem, mas eu sou assim. Eu sou covarde, já me disseram. Whatever.

Eu sinceramente admiro quem saiba deletar, penso que eu poderia evitar um milhão de pensamentos, situações, sapos engolidos e xingamentos gritados pra dentro, se eu fosse assim. Mas nem é questão de aprender, não - não se aprende a ter outro tipo de personalidade, é fato. Eu preciso é aprender, sim, a não downlodear algumas coisas, pessoas, situações e frases, pra não precisar passar pelo processo de exclusão: simplesmente aprender a dizer "no, thanks" pra algumas coisas e passar sem elas.

A merda é que eu sou curiosa pra caralho e sempre quero pagar pra ver.
Eu antes não trabalhava e ainda tinha um troco qualquer pra mim, mesmo pagando contas. Agora, eu trabalho e falta dinheiro.

Vou virar hippie. Ou ermitã.

Waltz for a Night

Sempre adorei cinema, de verdade. Como pra todo o resto, andei meio preguiçosa e devagar ultimamente com os filmes - leia-se nos últimos anos - e estou tirando este atraso como quem estuda de última hora pra passar num vestibular. Não no sentido de ser feito nas coxas, mas quanto à pressa da coisa em si. Assim, ontem vi dois filmes "antigos" que ainda não tinha tido oportunidade de ver, mas um em especial me chamou muito a atenção: Antes do Por do Sol. Ok, podem me chamar de atrasada-mór, mas o fato é que talvez eu não tivesse apreciado tanto e entendido tão bem o filme se o tivesse assistido há um ou dois anos, muito menos na época em que foi lançado. Antes do Amanhecer foi lindo e eu o assisti há bastante tempo já, na época certa também, mas Antes do Por do Sol é divino, maravilhoso, completo e real. Muito real.

Li em algum site (nenhum famoso ou respeitado) uma crítica sobre o roteiro, com relação à descarga de sentimentos ser tardia e toda ao mesmo tempo, enquanto a maior parte do filme fica só no papinho "e a vida, como anda" e que isso teria desvalorizado um pouco o filme. Sou obrigada a dizer que discordo completamente: o roteiro é real e retrata perfeitamente o que aconteceria (ou acontece, melhor dizendo) numa situação deste tipo - ninguém na casa dos 30 anos vai discordar de mim, eu acho - que é a coisa da educação, de ser polido, por mais que se esteja com vontade de falar tudo que está entalado na garganta, bom e ruim, até que... Explode e a gente não controla mesmo muito bem. Jesse e Celine, na segunda parte, são o retrato fiel das pessoas na mesma faixa etária que eles (bem, no primeiro também eram): pessoas que ainda sentem com a mesma intensidade dos 20 e poucos, mas que estão educadas, contidas ou medrosas demais pra demonstrar da mesma forma e acabam sobrevivendo da maneira que acham menos dolorosa ou trabalhosa. Ao menos até que algo (ou alguém) aconteça e mude tudo isso.

É claro que a fotografia do filme é espetacular (Paris ajuda, obviamente) e todo ele, na minha modesta e ignorante opinião, é muito bem produzido. Mas o melhor do filme, pra mim, está nas personagens: o humor de Jesse disfarçando os momentos "saia justa", a agonia e o questionamento de Celine quanto ao amor (que ela tenta disfarçar sempre com frieza, até que não aguenta) e o cinismo nas entrelinhas de cada frase dita. É a vida de todos nós, é o que fazemos todo dia, são as coisas das quais gostaríamos de nos livrar e as que queremos tanto ter. Não vejo como uma pessoa na casa dos 30 possa não gostar e não se identificar (ao menos parcialmente) com o que nos contam os dois. Apesar de ter colocado como título, a cena da valsa nem é a minha preferida, mas sim a dos dois no Sena, passeando no barco de turistas - é simplesmente linda.

Num primeiro momento, logo após o final (mesmo que este seja diferente do que se espera, em vista do primeiro filme, e esperançoso, digamos assim), é meio triste se identificar com as personagens e as situações, os medos, as paixões, as decepções e as lamentações. Mas logo passa e a gente percebe que é difícil pra todo mundo, que não somos nenhum E.T. verde por sentirmos as mesmas coisas que ali estão retratadas e que só cabe a cada um de nós fazer o que seja preciso pra ficarmos mais satisfeitos com a vida. Mesmo que seja apenas escrever um livro ou perder um avião.

**Hoje é noite de Globo de Ouro, babies. Façam suas apostas e preparem a torcida - se depender de mim, Heath ganha tudo de coadjuvante esse ano!**

O que uma sexta à noite não pode fazer com as pessoas velhas ou falidas...

Very supersticious... diz:
rélou
Line diz:
rélooouuu
Line diz:
quem fala?
Very supersticious... diz:
Ed
Line diz:
Ed?
Very supersticious... diz:
Ed foder
Very supersticious... diz:
Line diz:
HAUHAUHAUHAUHAUAHAUHAUHAUHAUHAUAHUAHUA
Line diz:
eu sempre digo q é a Kit
Very supersticious... diz:
Kit who?
Line diz:
a Kit Pariu
Very supersticious... diz:
nem, a Kimmy tá na sala
Line diz:
HAHAHAHAHHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA

Como diria Renato Russo: sempre mais do mesmo... (ou porque beber tequila faz bem pra gente)

Uma vez, quando morava em Sampa ainda, estive num local com stand-up comedy shows que eram realmente bons. Ótimos, eu diria. Ri a noite toda e saí de lá ligeiramente torta por conta dos drinks com nomes de filmes ou personagens (disso não me lembro bem, mas não importa) e com o último sketch na cabeça, que nunca mais esqueci: era sobre um homem que, na hora em que precisa explodir, implode. Descrevia mil situações nas quais qualquer um explodiria e diria meia dúzia de palavrões bem cabeludos e ele... implodia. Claro que, como em qualquer comédia, era hilário. Hoje eu acho que riria, mas nem tanto.

Eu lembro nitidamente de ter saído do lugar rindo muito e me perguntando em voz alta como é que alguém viveria daquela maneira, engolindo tudo e sofrendo, quando a solução pro problema era tão simples, JUST LET IT OUT! Aos 23, 24 anos, não passava pela minha cabeça que as pessoas pudessem engolir tantos sapos sem nem ao menos regurgitarem unzinho que fosse. Ok, eu me lembro disto e de querer "dar uma esticada" com o povo, os outros casais (nesta época, eu era uma senhora casada, dona de casa respeitável e completamente menina de tudo na vida, vejam como a vida é um saco infindável de ironias), mas isso não vem ao caso.

Eu hoje sei o que é o homem que implode - eu estou* a versão feminina dele. Só que eu implodo pra tudo na vida, bom ou ruim. Eu sou a mulher que bloqueia gente no MSN pra não brigar, mas também pra não dizer que tem saudades. Eu sou a mulher que não abre e-mails pra evitar de escrever impropérios impublicáveis e também palavras doces e cheias de carinho. Eu sou a mulher que evita o confronto e foge dos beijos. E isso cansa tanto, tanto, que eu cansei de estar assim. Quero a inconsequência daquela época de volta, ao menos um pouco, pro bom E pro ruim. Quero poder perguntar o porquê das coisas sem culpa e sem perder tempo tentando adivinhar sozinha, mesmo que isso me torne uma chata incoveniente ou mesmo uma menininha boba (eu odeio ser a menininha boba tanto quanto a chata inconveniente, acho que é uma coisa de ter amadurecido meio na porrada e muito de repente). Eu quero dizer que tenho mágoa tanto quanto dizer que tenho saudades, mandar à merda e chamar pra perto.

Eu ando tão chata e implosiva que escrevi sobre quase a mesma coisa tem pouquíssimo tempo, e tenho consciência. Apesar disso, vou escrever de novo e quantas vezes precisar, pra reler e mudar de uma vez, deixar de ser covarde e voltar a ter sangue correndo nas veias e, quem sabe, escorrendo do nariz também. Os artifícios externos eu começo a tentar ainda essa semana: eu bebia tequila naquela época e muito, muito bem - sem dar vexames, sem cair, sem nem tropeçar no salto agulha - e costumava comer mais o que gostava. Se bem que nem sei bem do que gosto hoje em dia, mas eu descubro de novo. Preciso mostrar pra mim mesma que as minhas palavras continuam sendo meaningful**, que um "vá se fuder" meu é pra valer, tanto quanto um "gosto muito de você" - e só pra mim mesma preciso mostrar, já que o resto do mundo acreditará, de novo, em qualquer coisa que eu mesma acredite ser.

Me chamem do que quiserem, fiquem à vontade, já que só explodo aqui nesta meleca que eu criei como o escape ideal de (quase) tudo de que seja preciso escapar. Por enquanto, ao menos, estão todos a salvo de qualquer reação, boa ou ruim - os que, por (des)ventura lerem isso aqui e quiserem comentar ou não, claro. Porque quem tá perto, ao alcance de um grito ou mesmo um telefonema, já corre sérios riscos de sofrer reações amanhã mesmo. Começo pelo trabalho, que tem que servir de algo além de fonte de stress e pouco dinheiro. Meredith Brooks vai voltar a cantar por estas bandas logo, logo. Pode ser brega, clichê ou o que o valha, mas eu tenho saudades de ser a bitch, a tease, a Goddess on my knees.

* Sempre que uso estar no lugar de ser me lembro do "falecido" Jurandir, Equilibrador. Que esteja em paz com os pratos dele! Deu saudades de ler...

** Quem lê isso aqui há mais tempo sabe que, quando eu tou atacada e pensando rápido, certas palavras só saem em inglês. Bem, agora quem lê há menos tempo sabe também. Eu realmente ando baunilha, antigamente eu mandava todo mundo se fuder e procurar no Michaelis....


Sobre todos nós

Apesar de amar a Cindy (Lauper), não digo que as garotas queiram apenas se divertir, não. Tampouco concordo com Fergie, quando ela canta que garotas grandes não choram. Garotas são complicadinhas - ou melhor, como cantou Rodolfo, complicadas e perfeitinhas - e muito chatas, de vez em quando. Ou em sempre, vai saber... Eu acho que entendo melhor de garotos do que de garotas por alguns motivos simples: fui criada com garotos, na maior parte; só namorei garotos e minhas autoanálises (dá-lhe, Nova Gramática!) são feitas sob uma autocrítica (once again) muito cruel. Assim, os garotos eu até me atrevo a cantar.

O Leoni canta sempre que "Garotos não resistem aos seus mistérios; garotos nunca dizem não" e eu até concordo, porque garotos são mais... Fáceis. Ah, eu precisava deste adjetivo aqui, que me perdoem os moçoilos. Nem quero dizer num sentido pejorativo, mas os garotos são, sim, mais fáceis. Ou mais difíceis, de fato, de se atingir um nível mais profundo. "Os garotos da escola, só a fim de jogar bola" cantados pelo Lulu Santos, nunca foram meus preferidos - eram os como ele, Lulu, que sonhavam "em ir tocar guitarra na tevê", que me encantavam. Mas, voltando aos garotos em si: deve ser difícil mesmo crescer tentando rir das coisas e escondendo as lágrimas nos olhos, porque garotos não choram, como o The Cure cantava quando eu ainda achava dançar coladinho o suprassumo do amor. Mais tarde, quando eu achei que cantaria que "Já conheci muita gente, gostei de alguns garotos... Mas depois de você, os outros são os outros" tal qual Paula Toller e pararia exatamente aí, vi que os garotos são mais complicados do que nós, garotas. Aliás, a Paula cantou muito bem (e o Leoni compôs primorosamente) o que eu vejo, hoje, sobre os garotos, mas isso eu só digo no fim.

The White Stripes dizem que o melhor amigo de um garoto é sua mãe ou qualquer coisa que se torne seu bicho de estimação. Pode ser, garotos são muito difíceis mesmo como amigos, já que não conseguem, quase nunca, dissociar uma mulher de sexo (o que torna uma amizade pura praticamente impossível)... Mas eu tenho alguns amigos garotos, desde garotos, e talvez seja por isso que tenha crescido iludida e achando que poderia repetir a façanha depois de adulta. Ledo engano, garota, ledo engano. Os garotos são arredios e desconfiados, antes de tudo, mas na verdade são mesmo como The Smiths confessaram bem no comecinho da música: "O garoto com o espinho ao seu lado: por trás do ódio, há um desejo assassino por amor ... Como podem olhar nos meus olhos e ainda assim não acreditarem em mim?" Eu digo porque, garotos: vocês dizem com os olhos, mas não com os atos. Tem tanto medo de mostrar "essa fraqueza", em sua maioria, que acabam nos fazendo desacreditar nesse desejo. "Será que um dia vão acreditar em nós?", os mesmos The Smiths perguntaram. Talvez um dia eu acredite, talvez eu já acredite hoje. Mas, por mais que eu, às vezes, queira acreditar, só ouço Paulinha cantar, quando penso em garotos:

"Garotos gostam de iludir
Sorriso, planos
Promessas demais
Eles escondem
O que mais querem
Que eu seja a outra
Entre outras iguais...

São sempre os mesmos sonhos
De quantidade e tamanho...

Garotos fazem tudo igual
E quase nunca chegam ao fim
Talvez você seja melhor
Que os outros
Talvez, quem sabe
Goste de mim...

São sempre os mesmos sonhos
De quantidade e tamanho...

Garotos perdem tempo pensando
Em brinquedos e proteção
Romance de estação
Desejo sem paixão
Qualquer truque
Contra a emoção..."

I've tried so... not to give in!

*Este texto foi escrito por mim e pela Taynar após uma conversa sobre homens, o ano que se findava e expectativas para este que acaba de começar. Nos divertimos um bocado enquanto escrevíamos - então, que vocês também se divirtam! Enjoy!*

Homens irresistíveis. Ô raça, hein?
Quem nunca deu de cara com um desses e ficou com cara de parede pensando: 'Caso ou compro um bicicleta?'.
E nem vale a pena dar resposta auto-ajuda sobre o que fazer. PeloamordeDeus, como tá escrito, não dá pra resistir. E de fato, alguém quer isso?
Que nos deixem malucas, que nos queimem a roupa, que façam nosso mundo girar.
Queremos sempre mais.
Às vezes até pensamos em desistir deles e fugir pro Himalaia, mas logo depois desistimos da idéia - eles nos enlouquecem mas marcam. Ô, se marcam! Assim, resolvemos colocar aqui os três homens irresistíveis de cada uma em 2008, pra que fique claro pra nós mesmas onde pecamos. Não que queriamos parar, mas ter consciência já tá bem bom.
E de preferência, que apareçam mais. Eles podem até ser meio loucos, como esses relatados, mas, com certeza, fizeram a sua parte, e o fizeram bem, ou não estariam aqui, certo?

O Novinho
Tinha 21 anos, mas não dava pra saber pelo papo - fui descobrir bem mais tarde, quando não tinha mais jeito. Mais maduro que a grande maioria dos homens que conheci (integrante da minha Turma de Baixinhos, como diria minha amiga) e com uma experiência... De vida, claro, hahahahaha. Enfim, o cara que sabe beijar, sabe respeitar, sabe elogiar sem ser piegas (não é à toa que sempre que ouço "A todo mundo eu dou psiu, psiu / Procurando por meu bem", eu me lembro dele dançando coladinho comigo e sorrindo) nem puxar o saco demais, sabe ser safado e te diz as maiores loucuras sem perder a classe, mesmo sendo simples e UM MENINO ainda! 1,90m, barba fechada e rentinha, branquinho de cabelos pretos, olhos lindos e uma boca desenhada que vou te dizer. Isso pra ficar só no rosto - o corpo dele é absolutamente escultural, deu até vergonha de mostrar o meu... Ao menos antes dele dizer "eu não sei como pode uma mulher linda como você estar solteira... Ah, se eu pudesse, casava contigo amanhã!". Depois disso, sinceramente, eu não tinha mais vergonha nem do que deveria ter.

O Príncipe
Como a música do Chico, ele veio sem muito explicar. Ele chegou, me pegou de surpresa, e quando eu vi, tava completamente envolvida por aquele perfume, aquele sorriso e aquele olhar que eu nunca sabia o que queria dizer.
Segurava a minha mão, era o perfeito cavalheiro, me levava nos melhores cantos, sempre me elogiava. Até de terno apareceu. É, eu tentei, mas não deu. Não resisti uma semana. Dois jantares depois, e eu já me pegava olhando o telefone esperando aquele nome tão envolvente piscar na tela. E cada vez que ele aparecia... Aquele beijo, aquele perfume. O que me pegava era o perfume. Era o cheiro dele, misturado com um Kenzo que eu nunca descobri qual é, cigarros (ele não fumava) e transpiração. Ah, e tinha o cabelo. Aquele liso, castanho, que passou dois dedos da hora do corte e fica caindo em cima do olho, dando aquele 'tique' charmoso pro dono. Alto, magro musculoso, voz rouca.
Viajado, trabalhador, lindo, cavalheiro. One of a kind. Olha que eu não encontrei espécies péssimas, mas esse cara parecia surgido do conto. Se um dia montasse num cavalo, acho que eu casava na hora. Mas como tudo que é bom dura pouco, e também a música, ele partiu, bem eu sei pra onde. Mas juro, eu também fiquei com o olhar cada vez mais longe.

O Enrolão
Esse me pôs doida da cabeça, porque era inteligentíssimo, engraçado, sabia muito de quase tudo referente à parte cultural, tinha um bom gosto musical danado e uns olhos que pareciam me enxergar por dentro. Sério, eu me sentia nua no sentido mais perigoso da palavra. Além de tudo, tinha aquela carinha de cachorro que caiu da mudança, o que me matava. Olhos lindos, boca desenhada e era fofo demais... Mas costuma pensar muito, sempre se sentia culpado e tinha um dark side mais escuro que o meu na TPM, além de ser escorregadio e sempre enrolar. De alguma forma, quanto o Blink 182 canta "We'll have Halloween on Christmas and, in the night, we'll wish this never ends" ele me vem à cabeça, talvez pelo inusitado da coisa, talvez porque seja engraçado e fora dos padrões, o que sempre me chamou a atenção. Carinhoso, ligeiramente cool e blasé, toda vez que me elogiava me deixava vermelha e ele adorava isso. Safado sem perder a classe (eu acho que é pré-requisito mesmo) e mordia quando beijava. E mordia sem beijar, de leve. Ai! E apertava, e olhava nos olhos. Talvez tenha sido o menor envolvimento físico, mas o que mais tenha marcado no ano de 2008 - ou até por conta disso mesmo. Bem, 2009 vem aí né, sempre há tempo - se ele resolver "desenrolar", ao menos!

O amigo
Ele sempre existiu, sempre. Buscando qualquer lembrança da infância do colégio, lá estava ele. Assim sendo, nunca foi visto como 'homem', era sempre o amiguinho do colégio, mais um dos meninos. Até o dia que não foi mais. Até que uma noite ele passou a ser o amigo muito simpático, numa camisa preta, que dançava muito bem. E depois beijava muito bem.
No começo, foi um negócio estranho. Todas aquelas histórias de infância. Mas depois... O beijo, o bom perfume, o bom papo. O cara sabia como desviar a minha atenção de como éramos no jardim de infância. Me ouvia contando histórias malucas, era engraçado e não se importava em pagar mico. Não muito alto, musculoso, nariz um pouco grande, um tipo até comum, mas que em suas coisas usuais, começou a fazer falta pelo seu senso de divertimento e inteligência.
E assim foi. Infelizmente, nossos caminhos foram diferentes, mas ele ainda está por aí, esperando a gente terminar essa história.

O Coxudo
Esse foi uma surpresa, que começou num jogo, continuou numa mesa de bar, foi ainda além numa noite com uma conversa longa e muito boa, regada a chopp e muitas histórias (até meio parecidas, entre nós dois) e terminou bem, muito bem. Ao menos naquele dia e naquela manhã, terminou - mas não na memória, ao menos cada vez que Tio Jagger canta "Goodbye, Ruby Tuesday / Who could hang a name on you? / When you change with every new day / Still I'm gonna miss you..." Grande, alto, charmoso até dizer chega e meio durão, o que dá uma coisa meio de "você é durão mas eu te quebro ao meio, menino". Bem, e as coxas, lindas e grossas! Tem uma risada solta que me faz lembrar das coisas mais simples e melhores da vida, mesmo quando falava sério ou perguntava se eu já tinha ido à merda hoje. Era meio na dele e, talvez por ter passado por coisas como eu passei, meio arredio. Mas nada que não seja remediável e que não possa ser contornado de quando em quando, que é mesmo o quanto a gente se esbarra. Um ótimo amigo, um ótimo amante - quer combinação melhor?

O convincente
Acho que as coisas pra mim, as mais marcantes, é claro, acontecem assim: um dia eu tô preto, no outro, do nada, sem nem me preparar, eu fico branca.
Literalmente, eu acordei e ele estava lá. E assim foi que aconteceu. Eu estava lá, consciente, ele me beijou e já foi mandando. Mandando não, foi me convencendo, e era bom nisso. Me convenceu a ficar e fazer o que eu não estava afim de fazer, até me convenceu de que isso tudo era uma boa idéia.
Alto, magro, barbudo. Inteligente, mais velho, mandão, reacionário, bom de beijo, não dava trela pra efemeridades e não me deu tempo de pensar. Na verdade, ele falava que eu pensava e falava demais. Quando eu vi, tava envolvida até os cabelos, sem nem ter tido tempo pra pensar se era isso que eu queria. Tinha um risinho que me deixava maluca (no mal sentido), e quando contava algo, me olhava nos olhos, o que também me deixava maluca (good way). Não deu pra resistir, e eu tentei.
E de uma hora pra outra, depois de um abraço e de um beijo, ele foi embora, deixando o perfume e o pensamento de que ser convincente é uma coisa muito boa.


Como podem ver, são tipos diferentes, completamente diferentes. Cada um com seus defeitos e qualidades, charmes e lembranças e que, de alguma forma, foram marcantes em 2008 pra nós. E que 2009 nos traga mais irresistíveis. Ou mesmo nos dê a chance de repetir a dose, se valer a pena! ;-)

In my life, why do I give valuable time to people who don't care if I live or die?

That's a question Morrissey has been asking for a long, long time. And why the hell I still don't know the fucking answer?

É uma boa pergunta pro segundo dia do ano!

E você, consegue mudar?

Todo mundo faz resolução pro Ano Novo, mesmo os que negam até a morte. Vai me dizer que você não decidiu nada, nadinha, pra quando 2009 chegasse? Claro que você pensou que em 2009 vai perder a barriguinha ou até que vai ver mais aquela sua tia que tá velhinha e cuja visita você sempre adia. Todo mundo decide alguma coisa mesmo que boba, mesmo que nem tão importante. O ser humano quer mudar sempre (mesmo quando diz não querer) e se você faz parte da raça, parabéns: você tem alguma resolução de Ano Novo, baby.

Eu tenho algumas. Várias. Muitas, vai, preciso ser sincera ao menos uma vez num post. A grande maioria delas envolve o primeiro pronome do singular, várias têm o terceiro pronome do plural; muitas envolvem coisas sérias, mas as coisas nem-tão-sérias-assim (que, normalmente, são as que dão mais prazer) também estão bem representadas. No meio das resoluções, encontram-se as palavras saúde, diversão, bem-estar, amigos, trabalho, faculdade e mudança, dentre outras. A paciência está lá também, mas nem queiram saber em qual contexto.

Não importa, na verdade, o que se resolveu mudar pro novo ano que chegou, mas o quanto se quer mudar e realizar aquilo que se idealizou. Sempre queremos muito, mas nem sempre lutamos por estas coisas que tanto almejamos (e aí é que chegamos a maior resolução de Ano Novo de todos os tempos: realizar) e deixamos a vida passar. Quando eu tinha 18 anos, pensava que teria ainda muito tempo pela frente e, veja só, os anos escoaram sem que eu me desse muita conta disto, em alguns aspectos. E isso me leva à minha grande resolução para 2009: não deixar pra amanhã. Mesmo que pareça loucura, mesmo que pareça impossível, mesmo que dê dor de cabeça: preciso aprender a fazer o que eu queira ou precise na hora em que tiver de ser feito.

Eu vou chorar e xingar muito em 2009 por conta da minha resolução, mas vou rir e sorrir muito também, com certeza. Talvez arranje briga, talvez arranje antipatia, mas também vou ter simpatia e carinho de quem realmente goste de mim ou se importe de alguma forma. O que não vou mais é deixar de dizer e de fazer nada que eu considere necessário ou mesmo só bom pra mim. Não, eu não sou o umbigo do universo, mas sou o centro do meu mundo e que se foda quem discordar disso.

2009, pode vir que eu tou pronta.

Acabou. Boa sorte!

Em pleno 2020, em plena pandemia, em um momento onde a maioria está passando por uma mudança radical em suas vidas, resolvi voltar aqui e s...